quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mundo mestiço





Idolatrada é a terra das sanguessugas!
O amor eterno já não és, mas símbolo!
Já não és, mas pátria!
Salve-a!

Salve-a destes sugadores...
Dos horrendos tremores...
Dos falsos amores...

Fuzis...
São os argumentos destes hipócritas inatos...
Guerra se dá a tolice dos fracos!

Bocas asquerosas,
Já não se sabe o destino da prosa!
Onde está a herança do Machado?!
Será que se esconde na boca do Amado?!

Já não se sabe!
Já não se ver!
A carne comeu...
Já não conseguimos conquistar com o braço forte!
O real multiplicou-se!
A culpa já não é da corte!
Roubaram a nossa cultura!
Pintaram as nossas caras!
Compraram-nos!
Multiplicaram a nossa raça!

Saciaram-se em nossas águas...
Malaram as nossas pedras...
Hipocrisia foi a herança de Cabral...
Para os tolos mestiços que podem mudar este final...!

                                                                                                 Jéssica .S .Sousa 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Na calada das estações




Abraça-me neste segundo inconstante...
Abriga-me em teu peito vibrante...
Salva-me  deste mundo solidão!
o que eu quero aqui não vive...
só se ouve falar!
Quero ser amante, deste teu mero olhar!
Não quero mais aqui, ver o inverno passar!
Faz-me refém!
Prisioneira dos teus passos!
Deixe-me rastros no barro estampado!
Onde eu possa te encontrar...
Onde eu possa te amar...
e por inteira me entregar,
as quatro estações !

                                  Jéssica .S. Sousa

Prisioneira

Tem vezes em que é preciso mentir pra si mesmo...
Com receio dos seus medos,
Prisioneira dos seus próprios segredos,
Se entregando e se limitando,
Se perguntando o tempo inteiro,       
Se é certo ou errado,
Tarde ou precipitado,
Você me envolve de forma perfeita,
Eu já não sei onde estão os teus segredos,
As suas artimanhas de manter-me em suas mãos,
Entrego-me sem medo, entrego-me ao desejo
Já não quero saber se sim ou se não!
Minha vontade é só te querer,
É só me perder e me encontrar em teus braços,
Enlaçada feito um nó de gangorra,
No mesmo sentido oscilante,
Acostumando-me com o seu inconstante jeito de ser.

                                                           Jéssica . S. Sousa

É o que amo...



Desde que aprendir a segurar com a mão direita um lápis preto de ponta fina e começei a rabiscar pequenas palavras,descobrir o meu amor pela escrita,pelo falar que não se ensaia,que não se decora...
Pela poesia que me envolve, que desdenha qualquer tristeza que venha a me afligir . E é com todo carinho e dedicação, que venho por meio deste, dividir um pouco do que sou,de quem sou e do que faço com amor!

Jéssica. S. Sousa

Tormento




Porque me deras Deus, uma vida?
Por quem me deras?!?
Me destes o poder de amar, e não somente amar a mim,
mas amar á quem amas também...
E, talvez se não me tornasse tão dependente,
Tão enlouquente ao mesmo amor, menor serias a dor...
Daí vem o contentamento descontente do Camões...!
Cada dia nos tornamos um!
Nossas necessidades passam a ser o outro, a presença, o toque, o cheiro,
a voz,o olhar esperto...
E como contentar-se com as saudosas lembranças devoradas pela ausência!
E, o não querer está distante nem em pensamento,
virou tese da fantasia!
O quanto dói imaginar, que em um simples fechar de olhos tudo pode acabar!
Porque não me fizestes tão forte?
Porque mereci vida, se não sois senhor da morte?
Quem me darás sorte de acompanhar todos os encontros da lua com o mar?
E a Deus, o que dará?
Fazer-me refém deste sonho plausível, sem a mim despertar!

                                                                                        Jéssica. s. sousa 

Onde acharei lugar tão apartado




                                         Onde acharei lugar tão apartado
                                         E tão isento em tudo da ventura,
                                        Que, não digo eu de humana criatura,
                                        Mas nem de feras seja frequentado?

                                        Algum bosque medonho e carregado,
                                        Ou selva solitária, triste e escura,
                                        Sem fonte clara ou plácida verdura,
                                       Enfim, lugar conforme a meu cuidado?

                                       Porque ali, nas entranhas dos penedos,
                                       Em vida morto, sepultado em vida,
                                       Me queixe copiosa e livremente;

                                       Que, pois a minha pena é sem medida,
                                       Ali triste serei em dias ledos
                                      E dias tristes me farão contente. 

                                                                                                                      Luís Vaz de Camões